sábado, 1 de março de 2014

SER OU NÃO SER: EIS A (VELHA) QUESTÃO!

Que a Grã-Bretanha é atualmente uma ilha, todos nós sabemos. Porém, devido às jamais vistas cheias que recentemente a têm assolado, foi transformada em várias ilhas! Que o diga a vasta região do sudoeste da Inglaterra, o condado de Somerset, um dos mais afetados, que segundo imagens de satélite, entre dezembro e fevereiro ficou multiplicada em várias ilhas, isolando comunidades e famílias, não falando em quintas, cujos proprietários, muitos deles donos de vastas manadas de gado, conseguindo salvá-las em sua maioria, viram-se obrigados a vendê-las a preço reduzido devido à impossibilidade de abrigo. Com o mês de janeiro a atingir níveis de pluviosidade jamais registados, particularmente na Inglaterra, e além de Somerset, igualmente a atingir a bacia do Tamisa, com níveis de quatro metros de altura, embora esta zona sofra de regulares cheias, as deste ano ultrapassaram as que ocorreram há 50 anos atrás, tanto em níveis de prejuízo como de mortes. Felizmente que não coincidiram com as chamadas Marés da Primavera, em que vagas originárias no Mar do Norte, portanto na zona leste, se refletem na bacia do Tamisa, que não obstante a gigantesca Barreira, situada em Woolwich (perto de Greenwich), aliada às atuais cheias, provenientes da nascente, poderiam resultar num extraordinário desastre e completa inundação da zona central da capital. Com danos ainda incalculáveis, que o primeiro-ministro garante serem totalmente cobertos, o que não revela é de onde vem o dinheiro (sem dúvida boa parte de Bruxelas, que os eurocéticos evitam admitir), reabre-se o debate sobre as origens desta catástrofe, se, ou não, resultante de alterações climatéricas e particularmente dos efeitos de estufa. Para a fina flor dos cientistas mundiais, 363 deles, não há dúvida! A corrobora-los, bastam os vastos exemplos acima apontados, mas não só. Globalmente, em termos recentes,: os maiores fogos resultantes das mais elevadas temperaturas de sempre na Austrália; as mais baixas temperaturas de sempre no leste e centro do maior país poluidor do mundo – EUA. A contrastar, e a coincidir, as maiores secas, que ultrapassam a memória, no seu extremo ocidental Estado da Califórnia. E, mais perto de nós, além da enorme destruição e elevados prejuízos do nosso litoral, neve em meados de fevereiro, no mui nosso vizinho e desbravado pelo fogo, Caramulo! Só é cego quem insiste em não ver! Tudo isto se deve ao homo sapien sapiens que depois de viver da caça inventou a agricultura, e, em 15 mil anos de sofreguidão depende – e não dispensa – combustíveis fósseis, os maiores contribuidores do dióxido de carbono (CO2), o principal causador do aquecimento global e dos consequentes efeitos atmosféricos. Apenas em 300 anos. desde a 1ª. Revolução Industrial, de 280 ppm (medida convencional de concentração de CO2 por milhão), em meros 50 anos atingiram 328 ppm em 2008, e o aumento de 0.5o C da temperatura, com a projeção, segundo o painel científico das Nações Unidas, IPCC, de 5oC até 2100. Poderá parecer pouco preocupante, mas suficiente para provocar incalculável desequilíbrio do nosso já vulnerável Planeta, Além dos sinais acima apontados, acrescente-se o derretimento dos gelos polares, que só nos últimos 30 anos atingiram proporções inéditas, cujos efeitos imediatos, mas especialmente futuros, se refletem no aumento dos níveis das águas oceânicas, provocando maiores cheias, submersão dos países mais baixos, especialmente do Pacífico. e que. devido ao seu arrefecimento põem igualmente em risco a benéfica Corrente do Golfo que tanto influencia e ameniza o clima da zona do Atlântico Norte ! Afirmei o indesmentível: que a Grã-Bretanha é uma ilha. Porém, se recuarmos relativamente pouco tempo no vasto espaço geológico, e a uns meros 40 milhões de anos, quando a Terra existe há 4.600 mil milhões, a região estava ligada ao Continente! E, recuando um quíntuplo mais, ou seja, 220 milhões de anos, situava-se a 12o de latitude sul, portanto muito perto do equador, cuja vegetação era obviamente tropical. Aliás, nestas vagarias de tempo e de espaço, há apenas 18 milhões de anos, o sul da Inglaterra estava apenas a 100 km das enormes e espessas camadas de gelo que engolfavam a que atualmente se designa por Grã-Bretanha. Portanto, e como as grandes alterações climatéricas, ou Idades do Gelo, ocorrem em cada 100 milhões de anos, e embora durante os últimos 10,000 anos prevaleça o clima ameno de um Período Interglacial, está-se definitivamente a caminho da próxima fase gelada.

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

PARA A HISTÓRIA DE TIMOR LESTE – IV - Casos Inéditos (3 de 6)

Envolvimento do magnate e multimilionário australiano Kerry Packer? (parte II e conclusão) Quanto às dúvidas de Stone, sobre a misteriosa ideia de ser acompanhado pelo patrão, é importante ouvi-lo novamente: "Porque é que Kerry insistiu em ir? A resposta superficial seria de mera aventura, mas por aquilo que passarei a expor, estou convencido de ter sido por razões muito mais profundas que esta." Depois de descrever que no dia seguinte, Kerry Packer, ordenou a ida de um velho barco capturado pelos australianos aos japoneses durante a II Grande Guerra, o Konpiramaru No. 15, acto que Gerald Stone classificou de "Kerry se assemelhar a um Gulliver preso numa casa de bonecas liliputiana" (da história de Alice no País das Maravilhas), "Kerry chegou com uma enorme quantidade de bagagem, na realidade mais indicada para o convés superior do Titanic, incluindo uma vasta coleção de espingardas de caça de animais de grande porte, que faziam parte da sua enorme coleção particular, um barco de borracha Zodiac, equipado com motor, bem como caixas e caixas do seu refrigerante favorito, Fanta. Mas a sua mais valiosa peça, era o seu guarda costas, de origem Portuguesa, Manuel. Soube que Manuel foi comando duro nas forças militares Portuguesas em Angola. A sua experiência militar e o conhecimento da língua dos nativos timorenses, constituíam uma valiosa adição. Mas o que mais me preocupava era as armas de Kerry, a quem pedi para serem deixadas no barco, ou, então, que evitasse transportar no grupo em que tanto eu ou Brian (Peters) – um dos jornalistas assassinados - nos encontrássemos..." Outra preocupação de Stone, como ele próprio o admitiu, era o facto de que, "por muito estranho que pareça, Kerry, que é conhecido pelas suas fortes opiniões em quase qualquer assunto, não me deu nenhuma sobre Timor (Leste), nem tão pouco se incomodou em saber as minhas intenções sobre a minha reportagem..." A facilidade com que o patrão obteve a autorização, por parte dos indonésios ancorados ao largo de Dili, também surpreendeu Stone, que, a certo passo, diz que "assim que lentamente navegámos para assentar âncora de madrugada, deparámos com a fantasmagórica e acinzentada presença da fragata indonésia Monginsidi. Receando que teria instruções quer de Jacarta quer de Canberra para proibirem a nossa missão, não houve qualquer tentativa até em reconhecer a nossa presença. Dois dias depois estávamos a filmar a saída de um enorme contingente de fortemente armados fuzileiros navais numa praia de Dili, com a missão de observar e proteger a evacuação do pessoal diplomático da embaixada indonésia...." Por tudo isto e muito mais, abundantemente documentado, Hugh Dawson, depois de afirmar ao autor que Gerald Stone sabia muito mais do que revelou, tanto a nível pessoal, como do próprio patrão em relação à presença de ambos nessa intrigante data da invasão, o conhecido investigador insiste, que com base em documentação governamental, o governo australiano da época se basofiava de que a sua diplomacia tinha desempenhado importante papel em reprimir os indonésios de uma invasão em larga escala, em Agosto de 1975, "a chegada de Kerry Packer e a sua equipa a Dili, a 29 de Agosto de 1975 desempenhou papel significativo na decisão do Presidente Suharto em adiar uma invasão em grande escala." (*) (*) Em 31 de Outubro de 2005, a Comissão da ONU, conhecida pelo acrónimo CAVR, apresentou as conclusões do seu estudo ao então Presidente de Timor-Leste, Xanana Gusmão sobre a violência das forças indonésias ao serem forçadas a abandonar Timor-Leste depois de ser obtida a independência, em 1999.

sábado, 1 de fevereiro de 2014

Envolvimento do magnate e multimilionário australiano Kerry Packer? (parte I)

No início de Setembro de 2001 começaram a surgir aparentemente bem fundamentadas teorias, que o falecido (27/12/05) magnata australiano da comunicação social e multimilionário Kerry Packer, teria estado envolvido numa derradeira tentativa, por parte do governo australiano, em evitar a invasão indonésia. Segundo o investigador britânico, Hugh Dawson, a quem muito se deve a denúncia das forças indonésias na morte dos jornalistas britânicos e autralianos (a quem se dedicada artigo especial a seguir), com base nas revelações feitas pelo jornalista australiano, Gerald Stone (colega do assassinado Brian Peters), no seu livro Compulsive Viewing (edição da Penguin Books - Australia), a viagem e chegada do seu patrão e proprietário, (entre outros, da estação televisora australiana Channel Nine), Kerry Packer, a Dili, a 29 de Agosto de 1975, sempre envolta em mistério, teria estado relacionada com a missão secreta, ao serviço do governo australiano da época, chefiado por Gough Whitlam, em dissuadir o exército invasor, no terreno, das suas intenções. Aponta Hugh Dawson, nesta sua interessante tese, em conversa com o autor e, mais tarde, apoiada em convincente documentação a que o autor teve acesso, que, como competente e comprovadamente experiente jornalista, Gerald Stone interrogou-se várias vezes sobre a verdadeira razão da companhia e presença de Kerry Packer. Aparentemente, sustenta Hugh Dawson, tudo resultou da própria decisão de Gerald Stone, na altura diretor da Redação do Channel Nine, em chefiar tão arriscada reportagem. Aqui, disse Hugh Dawson, "um homem tão bem posicionado nos meios governamentais como Kerry Packer, certamente que sabia da invasão e, até, da data aproximada em que teria lugar. Daí, o seu invulgar e inusitado interesse." Com base na documentação a que o autor teve acesso, passa-se a palavra a Gerald Stone: "Decidi, pessoalmente, fazer a reportagem. Como era o único jornalista, tanto em Sidney como em Melbourne, com experiência da cobertura de guerras, como aconteceu no Vietname, e como uma missão desta natureza em Timor Leste apresentava-se muito arriscada para mandar qualquer outro jornalista sem experiência da cobertura de guerras, a questão era agora justificar as despesas da deslocação. Por isso, precisava da autorização de Kerry (Packer). Quando lhe expliquei o meu plano, a sua resposta foi instantânea - 'Perfeitamente, mas na condição de eu ir contigo'. O coração caíu-me aos pés, devido ao inesperado peso da responsabilidade e da proteção ao meu próprio patrão, numa missão tão arriscada como esta. Mas, como sabia, não valia a pena apresentar argumentos em contrário..."

domingo, 19 de janeiro de 2014

ADEUS REINO UNIDO, BENVINDA ESCÓCIA INDEPENDENTE?

Daqui a alguns meses, mais precisamente em setembro, a Escócia poderá voltar a ser independente e o até lá Reino Unido, desunido, possivelmente para sempre! Pelo menos é que as sondagens atuais apontam. O prometido referendo decidirá o novo futuro da Escócia. Aliás, não se trata do primeiro, mas o último, este prometido pelo atual governo minoritário daquela nação, o Partido Nacionalista Escocês (SNP, sigla britânica), chefiado pelo seu primeiro-ministro, Alex Salmon, quando há três anos ganhou as eleições. Antes da chamada União, ou seja a formação da Grã-Bretanha com a integração da Escócia, por lei votada no Parlamento de Westminster, em 1707, existia, apenas, a união entre o País de Gales e a Inglaterra, em vigor esde 1543. Como diz a Profª Linda Colley, na sua obra BRITONS - Forging the Nation 1707-1837, pág. 12 (Edição PIMLICO), não se tratou de uma união política, nem tão-pouco forjada em afeto, mas, prova de "um ato de imperialismo cultural e político forçado nos indefesos Escoceses pelos seus vizinhos mais poderosos do Sul”. Com longo e turbulento historial entre os dois países, a primeira e última ipso facto independência, ocorreu com a chamada Declaração de Arbroath, feita na abadia daquela cidade do condado de Angus, no litoral centro-oeste, após a retumbante vitória de Robert, o Bruce sobre os seus históricos e poderosos inimigos ingleses, em Bannockburn, em 1314. Porém, depois da decisão do Rei James VI, após a abdicação da mais tarde infeliz mãe, Mary, em 1567, que também foi rainha da França, embora proclamado rei, só assumiu o Trono em 1583, favorecer a união com a Inglaterra, inglória ambição da desditosa mãe, unindo os dois reinos em 1603, após o longo reinado de Isabel I, sob o título de James I. Contudo, a União, como se mencionou anteriormente, só foi sancionada pelo Parlamento em 1707. Muito contestada pelos escoceses. a derradeira tentativa, foi a do tido como herói, Bonny"Charles (Príncipe Charles Edward-Stuart), na Batalha de Culloden, no norte da Escócia (nas proximidades do aeroporto de Inverness), em 1746, em que saiu derrotado e humilhado. Neste breve, mas sangrento encontro, frente às forças governamentais, comandadas pelo Duque de Cumberland, de que lhe valeu o título de Carrasco, conseguiu escapar.. Para salvar a pele, disfarçou-se de criada, e, durante cinco meses foi protegido pelos ciosos habitantes da Alta Escócia, ou "Highlanders", que nunca o traíram, conseguindo escapar para França, onde chegou, em setembro de 1846. O cenário da sangrenta batalha, assinalado por um pequeno marco, é agora belo terreno do hotel Culloden, propriedade do simpático casal Marjorie e Ian McKenzie, onde esteve brevemente hospedado o então presidente Dr. Mário Soares, quando em 1 e 2 de Maio de 1993, acompanhado da esposa, visitou a Escócia, que pessoalmente acompanhei, e em que fui o único jornalista nacional presente. Por amabilidade do Presidente fui integrado na comitiva, seguindo-se a inglória “caça” à famosa “Nessie”, que depois de longamente procurada, no famoso e vasto Lago Ness, de que se diz ser habitante, não se dignou mostrar a cara a tão prestigiado visitante. O próximo referendo, aliás o terceiro, poderá decidir o regresso à tão ambicionada independência e a criação de um novo Estado membro da Commonwealth, disposto a optar pela libra esterlina, que, a suceder, nenhum primeiro-ministro britânico no Poder gostaria de ser conhecido. Porém, a ambicionada vitória do SNP poderá não se concretizar, caso os eleitores escoceses (os ingleses estão excluídos) conhecidos pela sua preocupação de carácter económico, particularmente após a recente crise financeira de que o país acaba de sair, venha a ditar a decisão final, preferindo optar pela contínua segurança económica, sacrificando idealismos do, que a incerta promessa de um futuro melhor. ~

terça-feira, 7 de janeiro de 2014

A CORRIDA PARA O ÁRTICO

A recente detenção, por parte da Federação Russa, de 30 ativistas da Greenpeace, que depois de dois meses de prisão em condições inaceitáveis, devido aos protestos mundiais (infelizmente pouco noticiado no nosso país) viu-se obrigada a libertá-los, alertou a opinião pública mundial para a Questão doÁrtico. Digo questão, devido ao facto da ação, por parte da Rússia, na exploração mineral e e de petróleo naquela vasta região por parte da sua principal multinacional, Gazprom. A Federação Russa, aliás o principal país do chamado Conselho do Árctico, que além dela fazem parte outros 7 países (Canadá, Dinamarca, Groenlànndia/Ilhas Faraó, Finlàndia, Islàndia, Noriuega e Suécia), assim como a população nativa, os chamados Inuits foi um dos primeiros membros a manifestar o seu ativo interesse em tão vasta e inóspita região, colocando, em 2005, uma bandeira de titânico nas profundezas marítimas. Aliás, o Presidente Vladimir Putin tinha já declarado publicamente o predominante nteresse do seu país no Árctico. É importante recordar que os vikingos foram os primeiros europeus a colonizar a vasta região, a começar pela Groenlândia, no século X. Como se sabe esta vasta região autónoma é soberania da Dinamarca, que, no entanto, em 2008 votou por alargada independência. Mais irónico é o facto de que o influente matemático e geógrafo inglês, John Dee, a quem se deve a cunhagem do título de Império Britânico, já no século XVI invocava o Ártico como para do império de Isabel I. Recentemente a ação da Rússia, como o primeiro país a efectuar prospeções na região, o que levou a Greenpeace a manifestar-se contra tais intenções, foi surpreendida pela dureza das forças especiais russas, que além de invadirem apoderaram-se, em águas internacionais, do navio daquela organizaçãao e detidos os 30 manifestantes, inicialmente radicados nos frios e desolados calabouços de Murmansk, a dura ação russa bem demonstra as suas intenções de soberania na vasta fatia que abarca 120o de laatutude do hemisfério norte. Além da vasta e inexplorada riqueza marítima do Árctico, tanto e termos de petróleo e gás, mas principalmente de minérios, devido aos efeitos de estufa, aquela vasta e gélida região, de 30 milhões de Km2 e escassamente habitada por 4 milhões, tem vindo assustadoramente a derreter desde há 30 anos, mas amsi acentuadamemnte a partir de 2005, permitindo, agora, a passagem de navios mercantes de pequena e média dimenssão, embora no verão, na chamada Passagem do Noroeste, reduzindo as viagens para o Oriente, principalmente o Japáo, em apenas 15 dias, quando normalmente levam 22 pelo Canal do Suez e 29 pelo Cabo da Boa Esperança. Consciente desta adicional e enorme vantagem estratégica, a Russia ciosamente procura assinalar a sua soberania. Aliás, um dos países, como é o caso de Singapura, previndo a ameaça que tal rota pode trazer para a sua riqueza marítima, é um dos que mais se esforça para partilhar de tão imporyante vantagem, Como o conseguirá, é cedo +ara prever. Tudo iso demonstra a importância do Ártico nos anos vindouros. A tragédia, como já vem sendo hábito, é a predominância impeialística da Rússia, colocando em desvantagem a diferente e variada população nativa que, pssivelmente, será destituída de qualquer vantagem