quinta-feira, 14 de junho de 2012

RUPERT MURDOCH - HEARST RESSUSCITADO? (II-Conclusão) Fim de um império?


A machadada a tão portentoso império, pelo menos no Reino Unido, poderá ter sido dada, com a publicação do relatório da Comissão Parlamentar de Cultura Desporto e Media, resultante de cinco anos de investigações, no dia 1 de maio último, em que a mesma declarou Murdoch “impróprio para gerir uma empresa”, independentemente do império que construiu. O pior, porém, foi os seus executivos, incluindo o filho e ex Diretor da News International, James Murdoch, serem também acusados de mentir ao Parlamento, nos vários inquéritos em que tomaram parte e, em que Rupert Murdoch, que a eles resistiu, numa das sessões do ano passado, à qual não pôde evitar sobre pena de prisão, perante a qual ter admitido ser “o pior e mais humilde dia da minha vida”

Humildade, porém, não é o que o novo e alto denunciador livro Dial M for Murdoch (Ligue-se M para Murdoch), - de autoria do deputado Tom Watson e do jornalista Martin Hickman, da editora ALLEN LANE – 2012 - termo geralmente conotado com crime, revela. Este revelador e altamente denunciador documento, em que um dos autores, Tom Watson, foi vítima, bem descreve a senda de abusos, implicando a detenção de 36 jornalistas dois dos quais – o veterano Clive Goodman e Gleen Mulcaire, que já cumpriram penas de prisão - mas especialmente de intromissão e desregradas escutas ilegais de, pelo menos, 4.332 pessoas, muitas delas célebres, como o ator Hugh Grant e os próprios príncipes William e Harry a fim de ilegalmente obter notícias sensacionais sobre as suas vidas privadas, publicadas no altamente profícuo e multissecular NOTW. Não apenas isso, o pior foi o conluio com algumas das mais elevadas e diversas esferas da Metropolitan Police, vulgo Scotland Yard, a cujos agentes principais pagava elevadas somas, permitindo o seu silêncio e inação, provocando, direta ou indiretamente, a resignação de nada mais nada menos que três dos mais altos dignitários da Scotland Yard! Não é de surpreender que o principal jornalista denunciador do Caso Watergate, Carl Bernstein, em artigo publicado na revista Newsweek, afirmasse que o caso das escutas ilegais só deveriam surpreender apenas aqueles que ignoraram a “perniciosa influência de Murdoch no jornalismo”. E adianta: “muitos de nós pestanejaram com certo gozo obsceno sem considerar a enorme corrupção do jornalismo e política da Cultura de Murdoch em ambos os lados do Atlântico...” O corolário da saga agora chamada Murdoch, que está longe do seu termo, tanto mais que também no mês passado foi formalmente acusada uma das suas mais influentes jornalistas, e até que chegou a ser Presidente da News International, Rebekah Brooks, bem como o marido e assistente redatorial, por interferência no decurso da justiça . O mesmo aconteceu com o seu ex colega, diretor do NOTW e Diretor de Informação de David Cameron, Andrews Coulson., Independentemente de outros três processos judiciais em curso, pelo menos três, contra o Império Murdoch, culmina com outra vasta investigação, esta liderada pelo Juiz de Suprema Instância, Juiz Lorde Brian Leveson. Tudo isto, resultante das sucessivas tentativas de negação e ocultação das infrações de escutas ilegais, embora reveladas em 2006. O mérito, coube ao matutino The Guardian, que divulgou a interferência e manipulação de alegadas mensagens, atribuídas à raptada e morta, jovem Milly Dowler, em 2002. Estas, com o objetivo de alimentar o sensacionalismo noticioso do NOTW, em que este semanário inventou “conversas” e mensagens de telemóvel, atribuídas à desditosa e bem morta filha, para convencer os pais da jovem que ainda estava viva! Este, o potente tiro saído pela culatra, que obviamente despertou e revoltou a opinião pública britânica, que obrigaria Murdoch a encerrar definitivamente o desacreditado multissecular e altamente lucrativo semanário News of The World e a oferta de cerca de três milhões de euros de compensação à família da jovem Milly Dowler, assim como a organizações de caridade, em que muitas, inicialmente, se recusaram a aceitar.. TRISTE E NOJENTO CAPÍTULO PARA A LONGA E LOUVÁVEL TRADIÇÃO DA IMPRENSA BRITÂNICA!